O roubo de carga é uma ameaça crescente na América Latina, com países como Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e Peru enfrentando uma série de desafios relacionados à segurança no transporte de mercadorias. De acordo com dados do Hub de Inteligência da ICTS Security, mais de 70% dos roubos de carga na região ocorrem por meio do sequestro de caminhões em trânsito. Contudo, ao longo de 2023, uma nova e alarmante tendência se tornou mais visível: o aumento do roubo estratégico, como desvios de embarque e fraudes cometidas por colaboradores internos ou através de coletas fictícias, nos quais identidades roubadas são usadas para obter e redirecionar o frete para destinos fraudulentos. Esse tipo de crime cresceu mais de 400% nos países latino-americanos, um reflexo da sofisticação das quadrilhas, que utilizam plataformas digitais e aplicativos para facilitar o desvio de mercadorias.
Esses criminosos estão cada vez mais aptos a contornar sistemas de controle logístico, burlando medidas de segurança e listas digitais de fretes. Essa evolução é alimentada pela demanda por entregas rápidas e a crescente transformação digital nos processos de transporte, que oferece, ao mesmo tempo, vantagens e desafios. O aumento do uso de soluções logísticas digitais acaba criando novas oportunidades para os criminosos, que se aproveitam da velocidade e da automação dos sistemas para agir com maior eficiência.
Apesar desse cenário preocupante, as empresas não precisam ser reféns desses criminosos. Existem formas eficazes de se proteger contra o roubo de carga, e grande parte dessas soluções envolve práticas de segurança bem estruturadas, que combinam tecnologia com uma abordagem focada nas pessoas e nos processos. Ao contrário do que muitos pensam, a solução não está exclusivamente na tecnologia, mas na criação de uma cultura de segurança, que envolve todos os membros da cadeia logística.
Para mitigar o risco de roubo estratégico, é fundamental adotar um conjunto de práticas preventivas. O primeiro passo é estabelecer processos e procedimentos claros para garantir que todos os envolvidos na cadeia de transporte entendam as ameaças e como reagir diante delas. Isso inclui treinamento adequado para colaboradores e a implementação de canais de comunicação rápidos e eficientes. Além disso, as empresas devem estar alinhadas com as medidas de segurança necessárias, como a utilização de travas de segurança para proteger os veículos e as cargas.
A operação logística também deve ser reforçada com o uso de tecnologias de rastreamento, como dispositivos secretos e fechaduras operadas remotamente, que podem ser instaladas em reboques e controladas à distância, proporcionando um nível adicional de segurança. Em paralelo, é crucial realizar testes de integridade das equipes envolvidas no manuseio das cargas, a fim de identificar possíveis vulnerabilidades internas e prevenir comportamentos que possam facilitar o desvio de mercadorias. Esse tipo de auditoria interna é essencial para garantir que a ética e a segurança sejam prioridades no dia a dia das operações.
Além disso, o monitoramento constante dos dados e indicadores operacionais é uma ferramenta vital. Acompanhar métricas como horários, localizações e as pessoas envolvidas na operação pode ajudar a identificar padrões e prever possíveis incidentes de roubo. A análise de dados pode se tornar um mecanismo de prevenção, antecipando problemas antes que eles ocorram.
Embora a tecnologia seja um fator importante para a segurança, o papel das pessoas e dos processos não pode ser negligenciado. Os sistemas tecnológicos são mais eficazes quando acompanhados de uma organização bem estruturada, onde todos compreendem suas responsabilidades e a importância de manter a segurança. Isso exige um esforço contínuo para equilibrar três pilares fundamentais: pessoas, processos e tecnologia. Cada um desses elementos deve trabalhar em harmonia para criar um ambiente seguro e eficiente, onde os riscos de roubo de carga sejam minimizados e a operação logística continue a prosperar, mesmo diante de desafios.
Portanto, as empresas devem investir em um modelo de segurança que vá além da tecnologia, buscando fortalecer os processos internos, treinar constantemente as equipes e adotar uma postura proativa na proteção das cargas. Ao fazer isso, elas não apenas estarão protegendo suas mercadorias, mas também contribuirão para um sistema de transporte mais seguro e eficiente, beneficiando toda a cadeia logística e a economia como um todo.